Estudos sobre o lado Masculino e Feminino da Psiquê, e uma abordagem espiritual
Carl Jung usou o termo Eros para denotar o fundamento básico do psicologia feminina, disse:
“A psicologia das mulheres é fundada principalmente em Eros, fortemente ligado ao desprendimento, visto que nas épocas antigas o principal atributo relacionado aos homens é Logos. O conceito do Eros podia ser expressado nas épocas moderna como uma ligação psíquica, e o Logos com o interesse objetivo.”
O que aponta na sua teoria do sizígio do anima/animus da psique masculina e feminina (def. sizígio: termo astronômico para oposição de um planeta em relação ao sol, mais precisamente a Lua — Lua e Sol, Feminino Masculino). De acordo com Jung, os homens possuem o anima no seu inconsciente, que é uma caricatura do Eros feminino. Está separado do individualização pessoal para que os homens confrontem seu anima, aceitando o Eros (um traço eliminado pela sociedade falocrática (patriarcal). Também intrínseco a isto é a habilidade de ver além do ego projetado e de assimilar isto em nosso ser consciente. Este é Eros, como “desejo para o perfeição,” que é necessário para nós nos sintonizemos com nossa personalidade. Compreendendo “o amor passional” e o “desejo pela perfeição” como “a ligação psíquica” Jung demonstra também que o desejo pelo amor é um desejo para a interconexão e a interação com outros seres conscientes ou sensíveis.
Então:
Logos: principio da psique masculina, A busca pelo insólito, pelo diferente, é em outras palavras a busca pelo transcendente, e sem dúvida tal busca movida pelo anseio de descobrir o novo, germinada pelo sonho, a tirania, a liderança, a imposição, a criação.
Eros: principio da psique feminina, amor passional, o cuidado, a proteção, a sobrevivência, devoção, amor sem a necessidade da atração física, a manutenção, a criação, a educação, o cuidado, a alimentação.
Anima: alma animadora, a parte feminina dentro da psique masculina, normalmente a influência da mãe ou da figura feminina importante na criação do homem.
Animus: alma animadora, a parte masculina dentro da psique feminina, normalmente a influência do pai ou da figura masculina importante na criação da mulher.
Animus e Anima
A questão da Anima é mais amplamente pesquisada por Jung, o Animus é conceito de elaboração posterior, quase uma contraparte do primeiro, numa tentativa de entendimento do psiquismo da mulher. Assim como o psiquismo masculino teria uma contraparte feminina do inconsciente, a anima e, também a mulher, com a consciência feminina, teria um inconsciente matizado por um elemento masculino, o Animus.
Como é sabido, a anima, estando vinculada ao princípio do Eros, efetiva suas manifestações, quer seja em relacionamentos, quer seja em emoções e imagens, através deste princípio.
O animus, representante do princípio do logos em metas, manifesta-se em idéias, opiniões, apego a princípios e leis ou formulações filosóficas e cientificas.
A sizígia, a união de opostos, não só em nível subjetivo, mas também na concretude das relações interpessoais homem-mulher.
O mito de Eros e Psique é um belo exemplo deste processo. À moda de um conto de fadas antigo, a estória narra que a jovem Psique tem que cumprir quatro tarefas para obter o amado Eros e a última destas só é realizada pela interferência do deus, numa sizígia de amor.
Essas “quatro tarefas” podemos fazer uma ligação com os “quatro amores” de C.S Lewis:
Afeição, Amizade, Eros, Caridade
Trazer para a reflexão psicológica a existência de uma imago no inconsciente, anima e animus, com características próprias, independente dos envolvimentos do Ego com os arquétipos parentais; como o próprio Jung lembrou, “as primeiras projeções da anima são sobre a mãe”, mas insistimos que a existência dessas projeções arcaicas, no processo de estruturação do Ego infantil, não tiram da anima sua autonomia e originalidade. A anima e o animus são psicopompi, guias de alma, isto é, mediadores entre o Ego e o Self na individuação.
Chama-se de confusão de gênero pela certeza da relativização dos arquétipos masculinos dentro do novo influxo cultural. O fator cultura, leia-se no fator inconsciente coletivo.
O papel sexual é elemento fundante da individuação, referindo-se a ele, a maioria das culturas, que também estruturou uma série de práticas e leis, grande parte delas favorecendo os homens.
Uma certeza que, como já se sabe, está estabelecida na Persona, sendo esta, portanto, defensiva.
A redefinição do pai, que já se opera na cultura, pode ser um ganho, e não uma perda; pode ser uma flexibilização: a anatomia física deixando de reger o destino das pessoas.
Animus é palavra que para os romanos teria o sentido de “o sopro da consciência“, seria uma extensão da consciência individual. Moore cita Plínio: “um escultor faz uma estátua e coloca animus em sua criação“.
Inclinações, paixões e afetos pertencem também à esfera do animus, o intelecto como mera atividade mental não pertence à esfera do animus, mas à do mens. Animus tradicionalmente localiza-se no peito, à altura do esterno e associa-se aos pulmões e à respiração. Esta postura corporal ereta, com o esterno jogado para frente, expressava a constelação de seu animus, a necessidade de reconhecimento e auto-afirmação. Era a postura oposta ao do paciente deprimido, de baixa estima, que protege seu esterno, núcleo de sua identidade, com os ombros fechados, a coluna inclinada para frente.
O animus está, portanto, associado à vontade, temperamento e identidade, porém, mais do que isso, Animus Mundi tem várias conotações arquetípicas. O gênio é fonte de criatividade e, como o animus é um símbolo de proteção e garantia da tradição, tendo estreitos vínculos com a figura do pai arquetípico. Animus é portanto, a expressão do espírito, podemos considerá-lo mesmo como a expressão da com a ciência (cons-ciência); “conscientia” em seu sentido etimológico de “conhecimento que acompanha”.
A Anima como “imago” do inconsciente, segundo Jung é que a anima é imago do sujeito inconsciente , análoga à persona; esta última é o nexo de como os apresentamos ao mundo e de como o mundo nos vê. A anima é a imagem do sujeito, tal como se comporta em face dos conteúdos do inconsciente coletivo.
Jung, definia a anima da seguinte maneira:
Como o arquétipo do feminino, que tem papel particularmente importante no inconsciente do homem;
A imagem da alma, que de algum modo parece coincidir com a imago materna;
O arquétipo da vida, a feminilidade inconsciente, personificado todo o inconsciente, inicialmente, enquanto sua imagem não pudesse ser diferenciada de outros arquétipos;
A identificação da anima, mãe e amante, reforçam a ideia da Trindade.
A anima é a personalidade inferior ou sombria do homem, porque como rainha é um súlfur (enxofre), isto é, igualmente um extrato ou spiritus (espírito) da terra ou da água, portanto, um espírito ctónico ( circundante a algo, em volta de, ao redor de…) … o espírito feminino do inconsciente … personificado empiricamente na figura psicológica da anima …
A anima como função de relação, ao afirmar que a alma começa a “trabalhar ou produzir” e cria uma obra que tem por finalidade romper do inconsciente para à superfície da consciência. Considerando que a anima se transforma em Eros a da consciência, mediante a integração, assim também o animus se transforma em logos. A anima faz a ponte entre a consciência e o inconsciente e Jung diz que ela está “ativada”, onde a anima que se torna visível e deve, por assim dizer, ter-se tornado consciente.
A anima também se apresenta como conteúdo autônomo e personificado do inconsciente coletivo, a que se deve ser atribuída uma certa independência, pois se assim não fosse, nunca se teria cogitado de atribuir à alma uma essência independente, como se estivesse em causa algo objetivamente perceptível. Tem de ser um conteúdo dotado de espontaneidade e, concomitantemente, de uma inconsciência parcial também como todo complexo autônomo. Para o ponto de vista da psicologia analítica, evolução histórica do conceito de alma não coincide com a totalidade das funções psíquicas. Definimos concretamente a alma por um lado, como uma relação com o inconsciente, mas por outro lado, como uma personificação dos conteúdos inconscientes.
Jung considera a anima como causadora de caprichos ilógicos, ao passo que o animus suscita lugares comuns irritantes e opiniões insensatas. Em suas reflexões Jung personifica sua anima com o nome de Salomé, quando ela, permanecendo inconsciente, se oculta no sujeito e exerce uma influência possessiva sobre ele. Insiste no caráter personificado da anima em Mysterium coniunctionis/1, dizendo ser o inconsciente o tipo de anima, o qual representa, tanto no singular como no plural, o inconsciente coletivo. Este papel de “Luna” também compete à anima, que personifica a pluralidade dos arquétipos.
A anima como órgão perceptivo do inconsciente, cria símbolos, imagens e ela própria só é imagem. Através dessas imagens transmite-se a energia. A energia determinante que atua a partir dessas profundezas é refletida pela alma, quer dizer, a do inconsciente a consciência. Assim é vaso e veículo, órgão perceptivo dos conteúdos inconscientes. O que ela percebe são símbolos.
Jung aduz que, quando a alma, a apercepção aprende, apreende o inconsciente e transfigura-se em imagens e símbolo seu, o estado que assim se origina é delicioso, um estado criador. Assim, a função perceptiva ( alma ), apreendendo os conteúdos do inconsciente, como função criadora, gera a dynamis numa forma simbólica. O que a alma gera psicologicamente falando, são imagens que o precondicionamento racional supõe, em geral despidas de qualquer valor.
A anima como disposição íntima, especificamente apresentado no capítulo das definições do livro “tipos psicológicos”, esclarece Jung que chama anima, Alma, à disposição íntima e que, tanto quanto mudar a persona é igualmente difícil modificar a alma, pois sua estrutura costuma estar firmemente radicada, tal como a da persona … também a alma constitui uma essência de contornos bem definidos, de um caráter por vezes imutável, sólido e independente. Por isso se adapta, muitas vezes, de modo perfeito, à caracterização e à descrição.
A Anima como arquétipo do contra-sexual inconsciente do homem é como a Alma de um tirano cruel é ao mesmo tempo, sugestionável a pressentimentos, caprichos que o sub-jugam, tornando-o completamente em sua disposição externa, em sua persona. Se a persona for intelectual, a Alma será certamente sentimental. O caráter complementar da Alma evidencia-se também no caráter sexual, como se comprova inúmeras vezes, de maneira indiscutível. Uma mulher muito feminina terá sua alma masculina, e um homem muito viril, uma alma feminina. Quanto mais viril for a sua disposição externa, tanto mais terão sido eliminados os traços femininos. Por isso, estes aparecem na Alma, mas na Alma os termos invertem-se, sentindo o homem de fora para dentro, e a mulher, refletindo.
Cada homem sempre carregou dentro de si a imagem da mulher, não é a imagem desta determinada mulher, mas a imagem de uma determinada mulher. Jung descreve a imagem como um arquétipo de todas as aparências que a série dos antepassados teve com o ser feminino, côo um precipitado que se formou de todas as impressões causadas pela mulher, um sistema de adaptação produzido pela hereditariedade, Insiste no caráter projetivo da anima e na questão de que a mulher não tem alma, mas animus ( inconsciente ou id ).
A anima é de índole erótica e emocional alertando para o fato de que costuma ser errado tudo o que os homens afirmam a respeito da erótica feminina. As ações que brotam do inconsciente à consciência têm um caráter sexual oposto, por exemplo: a alma ( anima, psique ) tem um caráter feminino que compensa a consciência masculina.
A figura feminina no inconsciente do homem, daí derivando seu nome feminino: anima, psique, alma ( identificando os três termos ). Aliás, a identificação entre os termos alma e psique, pode definir a anima como imago ou arquétipo, ou ainda como o depósito de todas as experiências que o homem já teve da mulher ( inconsciente, anima, id ).
Material de Apoio:
Anima e Animus uma visão Espirita (reencarnações):